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Dharma

A palavra Dharma pode ser interpretada como significando muitas coisas. Neste capítulo, Dharma significa aquelas ações que estão de acordo com sua composição mental e física. Isso implica aquelas ações que vêm naturalmente para um indivíduo e que conduzem à harmonia para dentro de toda a estrutura do mundo. Pode ser aproximadamente, embora muito inadequadamente, traduzido como 'dever'. Dharma não é um assunto que pode ser discutido em profundidade em um sentido geral, porque o Dharma para cada indivíduo é diferente. O que nós podemos fazer aqui é dar-lhe uma orientação para ajudá-lo a reconhecer e sintonizar-se com o seu Dharma.

Encontre e aceite seu Dharma e faça-o. Quando você estiver trabalhando, não pense em mais nada a não ser no próprio trabalho e, se possível, não nos seus frutos. Apenas faça o trabalho que tem em mãos com o melhor de suas habilidades. Faça isso com adoração se você estiver devocionalmente inclinado. É cumprindo seu Dharma que você começa a se harmonizar tanto com o meio ambiente tanto com seu eu interior, o Dharma é a porta de conexão com nosso interior porque para os nossos talentos existe no mundo alguém que está precisando exatamente dos nossos serviços, é como se fossemos uma peça de um quebra cabeça universal, onde todas as pessoas e todo o mundo formam esse quebra cabeça. E é fazendo o Dharma em conjunto com karma Yoga que encontramos uma equanimidade uma liberdade para agirmos e nos expressarmos com total liberdade. É uma maneira saudável de agir.

Lembre-se de que, na verdade, todo trabalho é o mesmo; não existe realmente algo como superior ou inferior. Quer se use o corpo ou a mente, ainda é apenas trabalho; nenhum é realmente melhor ou pior que o outro. É a sociedade que cunhou os valores de certos tipos de trabalho como sendo bons ou ruins, de status alto ou baixo. Trabalho é trabalho. Qual é a diferença fundamental de alguém que constrói uma casa, limpa um banheiro ou governa um país? O trabalho é a ferramenta do karma Yoga, o objetivo é tornar-se um ser inteiro, equilibrado que é um instrumento perfeito. Este é o caminho da perfeição e maior consciência.

A Bhagavad Gita estabelece, de maneira sensata referente ao Dharma: “Mesmo aquele que tem conhecimento age de acordo com sua própria natureza. As criaturas seguem sua própria natureza. Como se poderia controlar o fluxo da natureza? ”

Em outro lugar está escrito: "O indivíduo perfeito, como todo mundo, age de acordo com sua constituição fisiológica específica, pois ele sabe que todas as ações são realizadas pela natureza. Sua verdadeira natureza, o Ser, não é o fazedor. "

Portanto, se o seu objetivo é ganhar dinheiro, continue fazendo dinheiro. Se você reprimir isso externamente, então sua mente só o fará internamente. Se você tem ambição, então cumpra essa ambição, mas com tanta consciência e desapego quanto possível. Paz de espírito ou maior consciência não pode ser obtida evitando as coisas que sua natureza individual exige que você faça, como por exemplo, beber água ou comer, não tem como evitar. Você só vai suprimir o desejo e a causar mais tensão e infelicidade. Mergulhe nas turbulências das atividades mundanas; viva os seus Samskaras (impressões mentais), mas com plena consciência. Isso é essencial para eventualmente pular para fora do círculo eterno de atividades sem objetivo e egoístas.

Existem muitos equívocos errados sobre uma ação gerar um resultado negativo. As escrituras indianas em suas características, de maneira pragmática, direta ao ponto, tem dado uma excelente definição de resultado ruim das ações. É o que deprecia ou conduz uma pessoa para longe do caminho da harmonia, conhecimento e maior consciência. Se uma pessoa executa seu Dharma e pratica karma Yoga, então qualquer ação automaticamente não gerará um resultado negativo.

"Aquele que ainda mantém seu ego - está mentalmente ativo mesmo quando em repouso; mas o homem sábio que está livre do egoísmo é incapaz de pecar ou errar na ação. " Além disso, é desempenhando o Dharma que alguém elimina o ego durante as ações. Isso é explicado muito claramente na Bhagavad Gita da seguinte forma: "É melhor fazer o seu próprio Dharma, mesmo que mal feito, do que o Dharma de outro bem feito. Aquele que faz o Dharma determinado pela sua natureza individual não corre o risco do demérito”.

Pratique seu Dharma com o melhor de seu empenho e de suas habilidades. Tente não fazer o Dharma de outra pessoa, mesmo que você pudesse fazer melhor, ou mais facilmente. Você pode pensar que está ajudando alguém fazendo seu trabalho, mas pode estar atrasando o crescimento desta pessoa e causando repercussões adversas menos óbvias, talvez tornando a outra pessoa preguiçosa ou perdendo o respeito próprio. Portanto, deve- se aderir ao seu próprio Dharma (Swadharma). Ao mesmo tempo, tente praticar karma Yoga. Desta forma, irá eliminar qualquer demérito de uma ação. Não devemos nos aprisionar intelectualmente em definições a respeito de demérito como resultado de uma ação, isso pode causar fobias e complicações fruto de uma ignorância sem tamanho na hora de agir. Demérito é meramente aquilo que nos afasta do caminho da saúde, do equilíbrio da nossa auto realização, mais nada.

É importante aceitar as próprias limitações e fazer as ações que parecem mais harmoniosas, mesmo que contrarie às expectativas dos outros. Muitas vezes nossas ações são decididas por outras pessoas. Vemos outras pessoas fazendo certas ações, e sentimos que também devemos fazer o mesmo, mesmo embora possa ser contrária à nossa personalidade individual. Nos sentimos obrigados a viver de acordo com as expectativas das outras pessoas e tentamos nos tornar algo de que não somos capazes. Infelicidade é a consequência. Escolha o que você quer e faça, mas deve ser positivo, harmonioso e o que você sente que é o seu Dharma. Quanto mais você está consciente na sua atividade, melhor. A ação funciona como um veículo. Isso leva à unicidade da mente. Automaticamente, problemas começam a desaparecer. Se você é indiferente, faz corpo mole nas suas ações, então a mente perde seu poder - não haverá concentração e a mesma tende a aqui e ali. Então faça seu trabalho, seu Dharma, com intensidade e com consciência.

Escolha o que parece certo para você, o que te interessa. Pode até ser um hobby - Por que não? Não se preocupe com o que as outras pessoas pensam. É melhor fazer um trabalho positivo do que trabalhar com repercussões negativas, reprimindo a sua verdadeira natureza. Trabalho positivo não vai apenas beneficiar outras pessoas, mas conduzirá você a desenvolver uma mente e uma disposição mais relaxada perante ao que você faz. Ações positivas ou boas são mais propícias ao progresso no Yoga. Em certo sentido, os chamados maus pensamentos (pensamentos que causam danos a você e a outras pessoas) e atos (sejam egoísta e/ou que não respeitem a você e aos outros) moldam sua personalidade criando um padrão que leva a um destino que está longe do caminho para a consciência superior. Por outro lado, pensamentos e ações, que são boas (Ou seja, desapegadas e Dharmicas) conduzem a um destino que permite que desfrutemos de uma vida consciente, equilibrada e em paz. Não tem como escapar do Dharma, ou você faz o que é para fazer ou necessariamente você está fazendo o que não é para ser feito. O objetivo não é ficar preso aos gostos e aversões, ao bom ou ruim porque todos estes são conceitos criados de maneira relativa. Ultrapassar a dualidade só ocorre através do autoconhecimento e de um caminho sólido que vai exigir um tanto de desapego para que o certo seja sempre feito. Agora se eu não tenho consciência, como saber o que é certo? Nesse caso devo consultar alguém sábio que não ganhará nada como fruto das minhas ações, então terei uma visão mais clara do que precisa ser feito. Durante toda a nossa vida, mesmo se atingirmos o conhecimento absoluto da nossa Natureza, enquanto estivermos nesse mundo devemos fazer ações Dharmicas que nos levam ao equilíbrio, a saúde, etc., substituindo as ações Adharmicas que causam doenças, destroem a mente e criam diversos resultados negativos. Desarmoniosos pensamentos e ações devem ser substituídos por sobrepostas por pensamentos e ações harmoniosas. Num sentido, usa-se um espinho (boas ações) para remover outro espinho (más ações). Depois, ambos espinhos são jogados fora. As pessoas costumam dizer que o seu dever é ajudar os outros. Isso é um sentimento muito nobre, no entanto, a verdade para a maioria das pessoas é que isto é permeado por um forte cheiro de hipocrisia. A maioria das pessoas ajuda os outros apenas para ajudar a si mesmo; para ganhar elogios, status social e muitas outras recompensas. No entanto, esse tipo de ação nos afasta cada vez mais de nos conectarmos a um grande amor que temos dentro da gente que é exposto nas nossas ações se feitas como verdadeiras doações. Quanto mais conscientes nos tornamos, menos egoístas somos, podemos reconhecer a cada momento essa nossa conexão com pessoas e com o mundo a nossa volta que é permeada por uma grande inteligência que pinta um lindo quadro, colocando cada coisa em seu lugar, cada cor em um determinado objeto manifestando aquilo que chamamos de vida.


Módulo 15 – Bakti Yoga

Curso de Aprofundamento em Yoga Tradicional

 
 
 

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